sexta-feira, 23 de outubro de 2009

cabeça em farrapos

minha cabeça é cheia de loucos

que enchem de gritos roucos

o ar parado da noite


sopradores de ventos

furacões e amenos

conforme a prosódia da carne


poetas insanos

sutis e tirânicos

inspirados por musas voláteis


criadores do cosmo

cosmonautas do agora

em busca do quase nada


viajantes etéreos

comedores de luzes

hedonistas sem causa


pra quê dá-los nomes

se o que vestem são os farrapos da história?



terça-feira, 13 de outubro de 2009

poema inventado

sonhei um poema

que grudou na parede

depois de escapar pelo ouvido


meu corpo sonâmbulo

levantou em silêncio

loucomoveu-se em estrépitos

até a cozinha


abriu a gaveta

puxou uma faca

e voltou atrás dele


chegando no escuro

e de olhos fechados

vislumbrou o lagarto

reptilíneo poema

cinzento e obtuso


brandiu a lâmina

melodia obscena

cortando-lhe os pulsos


o lagarto faceiro

escorregou pela poça

do sangue negro da noite