terça-feira, 12 de agosto de 2008

isto não é um poema

isto não é um poema:
não há construção
nem desconstrução,
tampouco versos,
apenas um fluxo
de palavras-refluxos
que o acaso regurgita
ao sabor do último almoço;

por isso paro, reflito, trato,
separo caules e folhas,
mastigo as sementes
[um gosto a cajá emana da boca],
desabrocho da planta a flor..

isto não é uma poesia:
não há lirismo
nem grandes emoções,
não há sentimento,
apenas um amontoado
de palavras-objetos
que o acaso despeja
no ferro-velho das lamentações;

por isso desperto, trago,
deixo o dito pelo inaudito,
mastigo o infinito
[um gosto acre constrange a boca],
desafogo do corpo o amor.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Um experimento com o tempo

O relógio, mutante,
delimita o tempo
[que não é]
num círculo de repetição
[que não é
aprendizagem, mas
apenas uma prisão].