quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

solstício de verão (um presságio)

o maior dia do ano
amanhece nublado,
antes mesmo da barra do dia
aparecer por entre a cor azulada
da última noite.
entrevê-se o sol,
apenas,
atrás das nuvens plúmbeas.
tal configuração deixa o dia achatado,
preso entre o concreto acumulado
desordenadamente no chão
e o céu mais baixo que de costume,
quase ao alcance da mão.
o ar se torna abafado,
sem circulação.
os ventos recolhem-se
aos recantos mais recônditos do coração.


ao meio do dia não há mais sombras:
tudo é luz
a espargir-se sobre as cabeças mais incrédulas.


o crepúsculo surge como a aurora da noite:
um segundo amanhecer
para a glória da escuridão.


o maior dia do ano
encerra sua trajetória milagrosa
sem que ninguém perceba
o desabrochar de sua rosa.

Nenhum comentário: