sonhei um poema
que grudou na parede
depois de escapar pelo ouvido
meu corpo sonâmbulo
levantou em silêncio
loucomoveu-se em estrépitos
até a cozinha
abriu a gaveta
puxou uma faca
e voltou atrás dele
chegando no escuro
e de olhos fechados
vislumbrou o lagarto
reptilíneo poema
cinzento e obtuso
brandiu a lâmina
melodia obscena
cortando-lhe os pulsos
o lagarto faceiro
escorregou pela poça
do sangue negro da noite
Um comentário:
Loucomover-se é uma arte!
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