terça-feira, 13 de outubro de 2009

poema inventado

sonhei um poema

que grudou na parede

depois de escapar pelo ouvido


meu corpo sonâmbulo

levantou em silêncio

loucomoveu-se em estrépitos

até a cozinha


abriu a gaveta

puxou uma faca

e voltou atrás dele


chegando no escuro

e de olhos fechados

vislumbrou o lagarto

reptilíneo poema

cinzento e obtuso


brandiu a lâmina

melodia obscena

cortando-lhe os pulsos


o lagarto faceiro

escorregou pela poça

do sangue negro da noite


Um comentário:

Emmanuel Mirdad disse...

Loucomover-se é uma arte!