terça-feira, 22 de setembro de 2009

Amendoeira

Quando meus olhos tocaram os olhos da amendoeira,
Aqueles olhos negros da noite,
Um fogo-fátuo surgiu e se apagou,
Deixando um rastro
De curiosidade e atração mútua
Que por algumas semanas perdurou.

Aquela árvore, desengonçada ao vento
Que só pela noite volteia,
Entre outras árvores a mais invernal,
Tem o desenho de um símbolo alvissareiro
Dentro de uma mão espalmada
Entalhado em seu tronco dorsal.

Ao tocar sua madeira vermelha
Ruborizou-se ao avesso,
Assumindo uma cor rosácea.
Um tremido, trêmulo gemido,
A percorreu por inteiro,
Revelando toda sua audácia.

Por aquela árvore, amendoeira imponente,
Passou o meu toque invulgar,
Mas aparentemente incapaz
De revelar-lhe sua essência solar,
E assim o que pra mim foi eterno
Pra ela foi um brilho fugaz.

Um comentário:

Raiça Bomfim disse...

Das árvores, talvez minha prefira. A praiana, litorânea. Na areia, anterior aos coqueiros, à história. A única que sabe que há
inverno nesta cidade...